Algo como a simplicidade...
É ótimo ver-se feliz desfrutando somente de coisas simples, saber enxergar as boas coisas de uma tarde de brisa suave, de alguns momentos de silêncio, de um começo de noite no portão de casa... sentir todo o sabor de um bom sorvete de massa, de um copo de leite quente pela manhã, de um refrescante gole d' água direto da bica numa caminhada pelo campo. Observar o verde das nobres matas das cidades interioranas, majestosas e imponentes, como que cientes da importância que possuem. E como todas estas coisas são essenciais para uma pessoa. Claro, para uma pessoa que saiba, ou melhor, que queira dar-se conta de tudo isso.
A vida é uma verdadeira montanha-russa... é uma gangorra de emoções, alegrias, tristezas, sucesso, tragédias... e como as tragédias ficam marcadas de maneira muito mais intensa do que os sucessos! Claro, pois, que não é fácil parar para enxergar as coisas simples da vida... mas, para o homem contemporâneo da sociedade de mercado, é uma verdadeira necessidade.
Pessoas como eu precisam destas coisas simples tanto quanto precisam de oxigênio para a atividade resporatória. Não por acaso pessoas como eu sentem-se sem ar quando não estão vivenciando tais momentos... sendo obrigadas a relegar a segundo plano, em nome de necessidade, aquilo que realmente gostariam de estar fazendo em determinado momento...
Pois pessoas como eu acabam percebendo que certas coisas, certos fatos, certos momentos devem ser apreciados plenamente, porque tudo é efêmero, tudo é passageiro, ainda mais quando se trata de grãos de areia como nós, humanos... deve-se, pois, desfrutar de determinados momentos como se fossem os últimos, ainda que não os sejam.
Deve-se desfrutar da alegria de conviver com os irmãos, quando pequenos, na adolescência, na vida adulta e na velhice... não perder a oportunidade de abraçar mamãe e papai e dizer "amo vocês", fitando-lhes os olhos, por não saber se subsistirá a visão... ou se subsistirão as pessoas que queremos ver... Não deixar de ouvir alguns passarinhos, de aproveitar a vida bucólica sempre que possível, rir sempre que possível, na companhia de pessoas de quem se gosta.
Infelizmente, tudo é efêmero... tudo passa...
A natureza incide inevitavelmente sobre todas as pessoas e aos poucos vamos perdendo aquilo que nos dá conforto... que nos segura e nos faz ter vontade de prosseguir... até o dia em que somos apanhados por esta tormenta, e, cansados, nos deixamos levar. Vamos embora do mundo, para sermos esquecidos... Então, tanto melhor buscar este agasalho na simplicidade das coisas, dentro daquilo que realmente conforte, conforme.
Por isso, olhei insaciavelmente para aquele sorriso maroto, meigo... como se nunca mais pudesse fazê-lo, ainda que rogue a Deus para que o possa por muitas vezes mais... olhei naqueles olhos que diziam da felicidade do coração de sua dona, que pulsava junto com o meu... dentro daqueles olhos, vi a chave de toda a simplicidade que busco, e vi todo o brilho desta imensa paz naquele doce sorriso... e agradeci a Deus por estar vivo... ainda que eu me vá em breve, ninguém poderá retirar de minha alma a ternura da simplicidade deste momento...
"Se amar é viver, digo que vivo além da vida, pois vos amo além do amor"!
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